2.17.2020

Tempo

O tempo é uma coisa que me intriga muito. Na verdade, não o tempo em si mas a interpretação que as pessoas fazem dele. O tempo é totalmente subjetivo, uma ferramenta de julgamento da personalidade, do destino (sorte ou azar) e até mesmo do caráter do outro, usada por um juiz imaginário que bate seu martelo sem dó nem piedade, proferindo sua sentença.

Quando uma criança nasce por exemplo, cresce um pouquinho, começa a se desenvolver, e então o tempo, com seu imperdoável relógio do julgamento começa a se manifestar sob a forma de tias, primas e vizinhas que visitam a pobre criatura com uma enxurrada de perguntas: “Ele já sentou? Já está andando? Já começou a falar?” E tomara que a resposta não seja “não ainda”. Se for,  pobre criança! Os olhares e as bocas já se contorcem numa expressão que denota um misto de preocupação e piedade.

E assim segue a vida, a criança cresce e as perguntas em relação ao tempo de cada atividade esperada como certa continua: “Já está namorando? Namora há quanto tempo? Não casou ainda? Já casou há 2 anos não vai ter filhos?

Sempre o tempo do que é esperado se ter e se fazer, nos julgando, pobres mortais.

Outro dia assisti um filme que conta a história de um rapaz que perdeu a filha de 07 anos por um tipo raro de câncer. Na cena, os sócios dele na empresa estão discutindo sobre a situação, uma vez que por causa de seu luto fechado, ele não tem se dedicado ao trabalho como antes e as finanças vão mal. A moça diz pro rapaz, num tom de voz comovido: “...mas ele perdeu a filha!” Tentando argumentar que eles precisam ter paciência, no que ele responde: “Mas já faz 2 anos”, como se 2 anos fosse tempo mais que suficiente para qualquer um se recuperar da perda de um filho e voltar ao trabalho, o que do contrário seria um sinal de fraqueza.

O tempo, o tempo que é suficiente ou necessário para mim que não é o mesmo para você! O tempo de cada um...

Quanto tempo eu preciso para me recuperar de uma doença, de uma perda, para arrumar um novo emprego ou para eu estudar para uma prova?

Fulano é lerdo, sicrano é agitado, preciso disso para ontem, se você não fizer isso até tal idade não faz mais...

O tempo que defini minhas características, que comanda minha vida, que determina quem eu sou aos olhos dos outros!

Paula Bueno

1.20.2017

Sou paulistana de corpo e alma....

Parafraseando Caetano Veloso: Alguma coisa realmente acontece no meu coração quando eu cruzo a Ipiranga com a São João, e sempre foi assim, desde que eu era muito pequena.

Nasci no bairro da Mooca, na década de 70 e ainda muito menina nos mudamos para a zona norte da cidade, num condomínio de casas chamado Parque Residencial Santa Teresinha, com muita área verde e até um clube. O condomínio era totalmente murado com guaritas. Hoje, penso que a proposta era até muito moderna para a época. No fundo do condomínio tinha um córrego não canalizado. O engraçado é que para nós, crianças, aquilo era como se fosse o fim do mundo mesmo, o limite do planeta. Depois do muro tem o córrego e mais nada, acabou... Todo nosso universo se restringia aquelas ruas e a passar horas e horas brincando de esconde-esconde, pega-pega, barra manteiga, amarelinha e a andar de bicicleta.

Meus avós tinham ficado lá na Mooca e nós os visitávamos com muita frequência. Eu particularmente adorava quando ficávamos para o jantar, pois assim só voltaríamos para casa à noite o que significava que eu ia poder ver as luzes da cidade! Eu amava ficar olhando pela janela do carro de papai as luzes dos postes e a iluminação dos prédios, pontes, construções e outdoors (que eram permitidos). Meu momento favorito era passar na Av. Tiradentes e avistar o imenso lustre da Pinacoteca aceso (hoje infelizmente ele não fica mais).

Então fui estudar no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo e uma das disciplinas era História da Arquitetura. Tornei-me uma aluna assídua, daquelas que não cede a carteira na primeira fila nem para a melhor amiga! O professor trazia muitas fotos e a descrição detalhada de pontos inimagináveis da cidade com uma riqueza arquitetônica incrível e que infelizmente na maioria das vezes nem nos damos conta, passando por esses pontos sem saber de sua história e sem ao menos enxerga-los, como o Castelinho da Brigadeiro, o Solar da Marquesa de Santos ou o Edifício Martinelli.

Uma ocasião, eu já era moça, tive a oportunidade de fazer uma viagem para Buenos Aires. Passamos cinco dias conhecendo a capital, percorrendo suas ruas, observando a arquitetura, a cultura, a gastronomia, os museus, lojas e pontos turísticos. De volta a São Paulo me perguntei: “Porque pagamos para conhecermos a cidade dos outros e não conhecemos a nossa?” Naquele momento me dei conta que gastamos fortunas para conhecermos os principais pontos turísticos de Buenos Aires, Montevideo, Nova York ou Paris sem antes termos dado uma única volta no Parque do Ibirapuera ou ter entrado no MASP.

Então comecei a fazer listas de locais em São Paulo com o status: Para conhecer! E todos os anos passei a reservar alguns dias das minhas férias para esses passeios.

Alguns foram muito marcantes. O pavilhão japonês no parque do Ibirapuera, por exemplo, foi uma grata surpresa. Estávamos andando a esmo pelo parque quando avistamos a construção, entramos e uau! Que lindo! O Museu do Imigrante que me emocionou profundamente quando vi pela primeira vez uma réplica do quadro de Bertha Worms - Saudades de Nápoles. A festa de Nossa Senhora Achiropita, onde além das barraquinhas havia na garagem de uma casa, logo no início da rua, o melhor macarrão com porpeta que já comi na minha vida (com perdão da minha avó). A escultura de Willian Zadig – O Beijo Eterno, localizada no largo São Francisco e que já ficou guardada nos depósitos da prefeitura por mais de dez anos por ser considerada imoral. Subir a 23 de Maio a pé, isso mesmo, a pé, no aniversário de 450 anos da cidade. Foi Incrível! Ou passar um réveillon na Paulista com um mar de gente pra todo lado onde mal se consegue respirar, mas mesmo assim você não quer ir embora!

Quando adulta fui trabalhar com hotelaria, o que me permitiu viajar bastante e conhecer lugares incríveis, mas o sentimento de casa, de estar em casa, aquele suspiro que se dá ao sentir um calor gostoso como se fosse um abraço apertado não sai do meu coração quando ponho os pés na área de desembarque do aeroporto da minha amada São Paulo.

Paula Bueno

Paulistana, 46 anos...

6.18.2015

Do limão... limonada

A vida é uma cesta de limões bem azedos!
Faça com eles uma limonada bem gostosa, ponha num copo bem bonito, ponha gelo e se possível enfeite o copo com uma flor!

A vida, as vezes, vai te dar um pouquinho de açúcar!
Pegue os limões, aproveite bem o açúcar e faça uma torta de limão bem bonita! Ponha umas raspinhas da fruta por cima para enfeitar, convide os amigos e a família para saborear e aproveite o momento.

A vida, apesar disso, não vai te obrigar a espremer os limões com as próprias mãos!
Use um espremedor manual ou automático, mas use! Use luvas até se achar melhor.
Não há necessidade de fazer a força, se melar com o suco, manchar a pele, arder os olhos, nada disso.

Ou seja, não se envolva demais com sentimentos, preocupações, neuras e traumas que não são seus. Não pegue pra você, ao longo de sua jornada, o que não te pertence. Tome seu suco de limão da melhor forma possível sem ter que sentir o azedo do limão dos outros.


Paula Bueno – 18/06/2015

5.08.2015

Procura-se...

Eu  procuro alguém para amar e ser amado.
Para compartilhar, dividir, ajudar e nunca, jamais competir comigo.

Sabe por que? Porque eu sozinha não preciso de ninguém para criar filho, trocar as minhas lâmpadas ou pintar paredes. Eu mesma pago minhas contas, cuido da minha casa e discuto com o mecânico dizendo para ele com muita segurança que o barulho no meu carro vem da “rebinboca da parafuseta” localizada no motor e que ele faça o serviço direito!

Isso não significa que sou feminista, ao contrário, não sou mesmo. E além disso, tenho certeza absoluta que sou profundamente heterossexual.

Mas a essa altura do campeonato, não quero alguém pra carregar as minhas compras ou achar ruim das despesas no cartão de crédito. Eu queria alguém na minha vida pra dormir de “conchinha”, pra andar de mãos dadas no parque. Alguém que gostasse de mexer nos meus cabelos, que risse das minhas piadas, admirasse minha força e minha determinação, achasse minhas manias e chatices muito engraçadas, e me desse aquele leve olhar de reprovação quando eu passasse da conta, me pondo de novo no eixo. Alguém que me abraçasse forte quando a coisa ficasse feia e dissesse baixinho: Calma, eu estou aqui! Deixa que eu resolvo isso!

Alguém que eu admirasse e quisesse amar como namorado, marido, amigo, amante, professor, companheiro....Homem!

Será que existe essa espécie no planeta ainda ou já entrou em extinção?


Paula Bueno – Maio/2015

6.02.2014

É preciso inventar a vida, todos os dias.

É preciso inventar a vida, todos os dias.
Inventar um motivo, um sorriso, um sonho.
É preciso enxergar amor. É preciso enxergar valor nas pequenas coisas.
Numa xícara de chá quente.Num banho perfumado e relaxante.
Num amigo ao alcance das mãos. Numa árvore em flores.
No sorriso dos meus amores, um alivio para minhas dores.
É preciso ter muita força, e muita fé, porquê fácil, não é!
Mas mais do que tudo, é preciso deixar pra lá.
Deixar passar o que não vale a pena se importar.
Essa lição eu ainda não aprendi.
Sou criança mimada e birrenta. Não aceito o que me soa injusto.
Pobre de mim!Na escola da vida, vivo de recuperação.
Mas Deus é bom,
E um novo dia recomeça.
O sol bate na minha janela e reflete mil cores,
Me mostrando mil possibilidades e uma só mensagem:
É preciso acreditar e se reinventar todos os dias!

Paula Bueno – 02/06/2014

7.21.2011

Para aquele que chamo de irmão...

Para aquele que chamo de irmão ontem, hoje, sempre, nessa ou em qualquer vida. Nesse universo ou em qualquer outro que eu desconheça.

Onde quer que você esteja.

Para todos os segundos de vida que passamos juntos, construindo uma história de família, de amigos, de amores.

Para todas as vezes que choramos, nos assustamos, nos emocionamos e rimos juntos de tudo, de qualquer coisa, e tiramos sarro dos outros.

Para todas as nossas cumplicidades.

Para todas as suas caras, caretas e bocas.

Para todas as suas manias, aquelas que eu admirava, e aquelas que eu detestava, como tomar leite e largar o copo no chão da sala.

Para seu olhar doce, profundo e azul.

Para as horas e horas que você ficava brincando de carrinho no chão da sala.

Para sua risada alta e descomprometida com a vida. Uma risada de deboche, de alegria.

Para o seu poder de colorir o ambiente, de entrar, tumultuar e sair. Deixando agente com aquela sensação de “O que aconteceu?”

Para todas as vezes que tentei arrumar seu quarto. Para sua bagunça, sua desorganização.

Para seu atraso, sempre com pressa, correndo, atrasado, cheio de coisas pra fazer, cheio de mistérios.

Para todas as vezes que você deixou a mamãe louca pois tinha sumido, vendido, ou feito sei lá o que com alguma coisa sua.

Para sua preguiça, fugindo de mansinho pro quarto do vovô e da vovó para se jogar na cama deles.

Para nossas brincadeiras com nossos times que enchiam a minha vida de alegria. Uma distração. Uma deliciosa bobagem!

Para todas as vezes que você devorava a comida da vovó.

Para sua displicência com a escola e seus sumiços no litoral paulista.

Para os adesivos horríveis que você insistia em colar na janela.

Para sua insistência em quebrar regras e paradigmas e usar chinelo havaiana sem camisa na ceia de natal deixando a vovó com os cabelos em pé.

Aliás, falando em cabelo, para sua mania insuportável de mexer e despentear os outros.

Para seu jeito sempre apaixonado, sempre acreditando nas pessoas e na vida.

Para sua mania de falar sem parar, deixando agente sem ar.

Por todas as pessoas que você deixou aqui, todos os amigos, primos e nós – sua família.

Para a criança linda que você trouxe para nós.

Para tudo aquilo que eu lembro de você e tudo aquilo que não lembro nesse momento, mas que está impregnada na minha alma e no meu coração.

Para os seus 29 anos de vida neste planeta, vida agitada, intensa, apaixonada, profundamente amada.

Para você que foi ser anjo no céu para olhar por nós.

Te amo, te admiro, profundamente, eternamente...até que estejamos juntos de novo.

Feliz aniversário Caio!

Sua irmã Paula – 21/07/2011

P.S.: comecei esse texto chorando, mas terminei sorrindo.

Executivas modernas, com E maiúsculo!

Estou com a idéia desse texto na cabeça há algum tempo, mas a pressa do dia a dia não me ajudava a sentar e escrever. Mas vamos lá! Acho que agora vai!
Eu trabalho desde meus 18 anos e segurei meu filho nos braços pela primeira vez com apenas 22. Desde então fiquei amiga íntima da culpa. Conforme os meses iam passando e a realidade de ter que voltar ao trabalho ia me assombrando, eu ia chorando, chorando, chorando. Meu bebe, tão pequeno, tão dependente, tão lindo, e eu, mãe solteira, jovem, perdida, assustada, sem faculdade, morando com minha mãe, tendo que obviamente ir a luta para sustentar meu filho.

Comecei a trabalhar numa loja no Shopping Paulista, por intermédio de uma parente distante que me indicou para ser vendedora no período de natal. Como sempre acontece no mundo corporativo, e na vida, existem Anjos e Demônios (com o perdão do Dan Brown por usar seu título). E nesse caso, encontrei um anjo! A gerente da loja era uma moça educada e muito bacana, e resolveu me ajudar, me concedendo o privilégio de não ter que “dobrar” o horário de trabalho, pois para um folgar, outro tinha que dobrar. Mas a minha alegria durou pouco, o anjo foi dispensado, vindo no lugar o demônio que tratou logo de acabar com a minha graça e me fazer “dobrar” como qualquer mortal. Era o inferno na terra, eu ia chorando, passava o dia chorando e voltava chorando, e para piorar, nos horários de mamada, meu peito vazava, ou como dizia minha avó “acordava”.

Não demorou muito e eu fui mandada embora pelo demônio. Feliz, em casa, sem um tostão, e vivendo da ajuda da minha mãe, fiquei cuidando do meu pequeno, até ele completar 2 anos e meio, quando eu conscientemente entendi que precisava fazer alguma coisa, que ele precisava ir para escola e eu retomar a minha vida, pois acabei perdendo completamente a minha identidade. Eu costumo dizer que deixei de ser a Paula e passei a ser somente e completamente a mãe do Flávio. Fui a luta!

Desde então, passei por várias empresas, grandes, pequenas, multinacionais, nacionais, familiares. De equipamentos de laboratório, passando por banco e barras de cereais, a hotelaria. Ufa! As vezes nem eu acredito.
Fiz faculdade, pós-graduação, comprei carro, paguei apartamento, coloquei meu filho na faculdade e me tornei uma profissional experiente e respeitada. Ganhei algum dinheiro, não muito, fiz 40 anos e continuo na luta, todo dia acordando as 06:10h da manhã.

Posso dizer seguramente que, nesses quase 20 anos, nenhum dia de trabalho foi plenamente feliz, mesmo agora com meu filho moço. Por todo esse tempo eu sempre carreguei a angústia de deixá-lo. Deixá-lo com a avó, na escola, em casa sozinho, enfim. Sempre me questionei se esse era o caminho, se não haveria uma alternativa, uma outra fórmula. É isso mesmo? No mundo moderno as crianças são criadas pelos “outros” enquanto as mães muitas e muitas vezes são responsáveis por trazer o sustento para casa? Pois é, nunca encontrei a resposta.

Mas, mais do que isso, eu nunca acreditei que uma mulher, para ter sucesso no mundo corporativo devesse ser dura, insensível e não demonstrar sentimentalismos. Eu sempre tive como verdade absoluta que, para que o fardo você menor, já que trabalhar é preciso, que nós mulheres pudéssemos nos comportar como mulheres, sendo sensíveis e maternais e ainda sim termos sucesso na carreira, por que não!?

Histórias como o “Diabo Veste Prada” para mim são detestáveis. A personificação de uma mulher insegura e infeliz, que tenta imitar a dureza masculina para ser respeitada. Ou seja, uma louca! Não aprovo, não admiro.
Mas por muito tempo ouvi que esse era o certo, e vi muitas vezes a mídia promovendo esse tipo de profissional, que mais parece uma mulher soldado. Usa roupas corporativas, linguagem corporativa, finge ser independente e poderosa. Saí distribuindo ordens e pisando nas pessoas.

Mas sou uma otimista por natureza e com o passar dos anos, vi alguns paradigmas se quebrando. Minha mais recente heroína, é a Suzana Martins, personagem da Malu Mader na novela TiTiTi da Globo. Eu adorava chegar em casa correndo para ver a novela e quando ela aparecia admirava cada diálogo. Me sentia realizada! É uma sensação interessante quando você acredita muito numa coisa que parece que ninguém acredita e de repente você encontra a personificação da sua crença sendo transmitida para milhões de pessoas. Ela, também editora de moda (como a tal da diaba que vestia roupa de griffe), separada, apaixonada pelo filho e com um relação super saudável com ele, e uma executiva com E maiúsculo: justa, conselheira, segura, forte, e as vezes maternal.

A cada capítulo, eu reafirmava a minha crença de que o mundo corporativo, apesar de apressado, competitivo e movido a dinheiro, é feito por pessoas, por mulheres, por mães, por filhas e esposas, que podem e devem sofrer e chorar porque seus pequenos estão nas escolinhas da vida, e que tem competência mais que suficiente para conduzirem suas carreiras com firmeza e segurança, temperada com a sensibilidade da alma feminina. Tenho dito!

Paula Bueno

30/05/2011

9.27.2009

A todos os meus amigos:

“Se alguma coisa me consome e me envelhece, é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, andando comigo, falando comigo, todos os meus amigos e, também, os que só desconfiam ou, talvez, nunca vão saber, que são meus amigos!” (Vinicius de Moraes)

7.30.2009

TEMPO

O tempo é implacável, impiedoso. Um tic-tac eterno e inabalável.
Absolutamente nada modifica, acelera ou atrasa o tempo, nem as dores, nem os amores.

Nem a angústia da espera por uma notícia boa ou ruim, pela chegada ou partida de uma pessoa amada, por um nascimento ou uma morte. Nem a expectativa de uma data, uma viagem, um acontecimento. Nem nos braços do seu amor, num momento de extase e paixão, nem assim, o tempo pára.

Não desacelera diante da felicidade e perpetua o momento. Não acelera diante da dor, e finita ou limita tal sentimento.

O tempo é insensível aos humanos e suas emoções.

O tempo não cura nada, talvez ele apenas faça nos conformarmos com as coisas como estão e como são.

Porque haja o que houver, aconteça o que acontecer, o tempo continua impassível, sem perder o ritmo: tic-tac, tic-tac, tic-tac....

Por Paula Bueno - julho /2009
passado, PRESENTE, futuro...

Não sou muito boa para dar conselhos, aliás, como diria meu pai: “Se conselho fosse bom ninguém dava, vendia”. Além disso, acredito que as pessoas vivam as suas vidas de acordo com suas crenças, expectativas, cultura e, portanto um conselho é sempre uma visão unilateral de alguém que provavelmente não está envolvido emocionalmente no assunto. Mas porque eu estou dizendo tudo isso? Porque o tema é delicado e não sou do tipo que gosta de livros de auto-ajuda, portanto aí vai a minha humilde opinião, a minha filosofia de vida e não um conselho: Viva cada momento como se fosse o único, o último e o inesquecível. Soa um grande clichê, eu sei, mas não é. Venho fazendo esse exercício mental há muito tempo e posso afirmar que sou mais feliz e bem menos ansiosa e angustiada agora.
É por essa razão que o momento atual, o presente se chama presente, pois conforme o dicionário da língua portuguesa, presente também significa dádiva, mimo, oferta. Eu interpreto com isso que o tempo presente, o agora, nos é dado como uma oferta, uma dádiva. A dádiva da vida.
O passado faz parte da sua história. Bom ou ruim, certo ou errado é imutável. O melhor é encará-lo como uma grande escola e deixá-lo lá, no seu devido lugar, no passado. Viver de passado é uma enorme perda de tempo e de energia, e utilizando-se novamente do nosso dicionário, passado também é utilizado para um fruto que começou a apodrecer.
E o futuro? Para mim futuro é uma folha de papel em branco. É sinônimo de “arte das possibilidades”. No filme O Náufrago, de Robert Zemecks, o personagem Chuck Noland vivido pelo ator Tom Hanks fica preso numa ilha por quatro anos após um acidente aéreo, e em uma das cenas finais ele diz uma frase que marcou a minha vida: “Amanhã o sol vai nascer, e quem sabe o que a maré vai me trazer...”, simples e profundamente sábio.
Como a vida é feita de momentos e a felicidade é fugaz, eu prefiro deixar o passado e o futuro nos seus devidos lugares e viver intensamente o agora.
Ontem, em plena quarta-feira do mês de junho e um friozinho gostoso para acompanhar, eu estava na cozinha da casa da minha vovó, aquelas cozinhas grandes e antigas, comendo bolo de cenoura com cobertura de chocolate e tomando um café fresco e quentinho, e me peguei sorrindo enquanto comia. Que momento mágico! Vou guardá-lo com carinho numa pasta das minhas memórias e voltar ao momento feliz do agora enquanto escrevo essas palavras com todo o meu coração.

Paula Bueno - Junho 2009
Do que eu gosto....

Gosto de acordar tarde;
De tomar leite e café de manhã na minha caneca e encher pela segunda vez só para deixar um restinho;
E depois dormir mais um pouquinho;

Gosto de flores na sala;
Gosto das minhas plantas;
Gosto dos meus quadros;
Gosto da minha casa;

Gosto de ouvir a voz e a risada do meu filho;
Gosto de não ter nada para fazer;

Gosto de ir ao cinema e comer fora;
Gosto de comida delivery;
Gosto de tomar café na padaria;

Gosto de fazer o dia da preguiça;
Gosto dos meus amigos;

Gosto de ver TV;
Gosto de viajar;

Gosto de tirar fotografia e espalhar elas pela casa;
Gosto de ler, gosto dos meus livros;

Gosto de escrever para exprimir o que estou sentindo e organizar as idéias;
Gosto do dia, do sol, do verão e da primavera;

Gosto dos meus olhos, da minha boca e dos meus cabelos;
Gosto da minha ética e da minha honestidade e até gosto da minha ingenuidade;

Gosto de sentir o vento nos meus cabelos;
Gosto de sentir a água no meu rosto;

Gosto de tomar coca-cola com limão e fanta uva com muito gelo;
Gosto de inventar passeios;
Gosto de comer pizza;

Gosto de passar os finais de semana com meu filho e meu sobrinho;
E de inventar uma brincadeira;

Gosto do barulho de chuva na janela;
Gosto da sexta-feira;

Gosto dos meus ídolos, dos meus heróis;
Gosto de inventar histórias;
Gosto das minhas músicas;

Por Paula Bueno - junho/2009


Meu quadro preferido:

"Saudades de Nápoles"

Berthe Worms - 1895

Meus Heróis: Michael Jackson (I love you forever Michael, you are a part of my life!)




Meus Heróis: Elvis Presley

O que dizer? Rei!




Meus Heróis: Fred Mercury

Maravilhoso!

Meus Heróis: Dinho Ouro Preto
Eu adoro esse cara!!!




Meus Heróis: Cazuza

Único, autêntico, livre e louco